Pare de apagar incêndios e mire no longo prazo

Salve, salve!
Como vai seu dia? E o dia de ontem, foi proveitoso? O que vai fazer amanhã? E depois de amanhã? E daqui a 10 anos? 20?
Muitos devem ter respondido: “nem sei se estarei vivo amanhã, Thaís, pra que me preocupar com o futuro, se ele não existe ainda?”
Saia do romantismo, amador, você é um empresário! Não existe empresa sem previsão de futuro, sem projeção, sem pensamento à frente. Acha que as grandes empresas que estão de pé há décadas, assim estão por quê? Não tem curiosidade de saber qual foi a cartomante que previu os futuros delas? Eu te conto!
Tive meu principal contato com a ciência do futuro no Canadá, em uma viagem de estudos. Fiquei impressionada como os empresários projetam suas empresas e se posicionam no mercado, como lêem os dados e os usuários de serviços, as variações na economia e no comportamento humano. Me empolguei tanto que mal pude esperar para escrever esse texto.
Com todo o meu respeito às cartomantes, empresas não são propriamente a área delas e sua empresa depende única e exclusivamente de você, do dono, do tocador do negócio, do seu empreendimento e empenho. Também de sua visão em relação ao futuro. Hoje EU serei sua cartomante e vou te guiar no tempo.
Futuros já são projetados há algum tempo dentro das empresas. Estamos falando de um horizonte médio de 20 anos e podemos observar ao redor algumas empresas que previram onde o ambiente poderia ser transformado e até onde conseguiriam rastrear o comportamento humano, para que seus negócios mudassem em conformidade com as mudanças locais e seus clientes sempre ficassem satisfeitos e fiéis à marca.
Elas fizeram isso trabalhando com o elemento previsão ou, na linguagem técnica, forecasting. Falando em previsão, chegamos automaticamente em estratégia e, unindo ambos os termos, temos a previsão estratégica da empresa. Dentro disso observamos três elementos importantes, que são: futuros (aqui entra a previsão propriamente dita, pensamento à frente e perspectiva); planejamento e rede de relacionamento (o mesmo que networking).
Diferencie cada elemento e perceba sua importância antes de tomar uma decisão. Veja onde sua empresa quer estar e quem está ao redor, quem vai te ajudar a chegar onde quer chegar e quem não precisa estar com você. Planeje bem, explore todas as possibilidades.
Como fazer isso? Minha sugestão é seguir alguns passos simples:
- Reúna informações sobre a mudança a ser feita. Isso é possível quando se entende o que está em mudança no seu ecossistema. Perceba o que está em mudança hoje para que possa saber o que é ou não relevante e, principalmente, o que é realmente uma informação. Procure por um padrão que faça sentido, um padrão de mercado, analise os comportamentos e os dados com cautela. Cuidado sempre! Sobre o que seja ou não informação e como explorá-la, em breve trarei um texto exclusivo sobre isso.
- Processe a informação. Imagine alternativas para essas informações no futuro. Pode ser a maior loucura, mas imagine e documente, para que consiga traçar alguns caminhos a serem percorridos para chegar onde precisa.
- Use as informações. Explore oportunidades e entenda os desafios. Preveja novas estratégias. Estratégia se aprende, não se preocupe.
Ok, não entendi nada. Vamos dar um exemplo prático, que foi a evolução do modelo de negócios da Natura. Natura é sempre um case interessante a ser estudado e é provável que eu a cite em vários outros textos, primeiro porque é brasileira e conseguiu comprar uma gigante americana e, segundo, porque seus avanços são alinhados ao respeito às pessoas e ao meio ambiente. (Particularmente, sou dessas que sente orgulho quando uma marca brasileira se destaca positivamente no mundo e inova a todo momento).
Pois bem, a Natura nasceu na década de 70 com um modelo de vendas tradicional em lojas físicas e percebeu que os altos custos que esse modelo possuía poderiam inviabilizar o negócio. Pensando em enxugar os custos, apostou em vendas diretas por meio de representantes de vendas, onde deixou de arcar com custos trabalhistas e também marketing. Enquanto nossa economia enfrentava mudanças significativas e aumento inflacionário vertiginoso, a Natura partiu para a internacionalização da empresa, visando o processo de globalização.
Com isso, conseguiu implementar uma cultura mais diversificada e passou a chamar atenção num mercado tão disputado, que é o dos cosméticos. Percebeu que precisava investir no que traria mais agilidade e crescimento aos processos da empresa e à marca e partiu para infra-estrutura e logística numa segunda grande fase. Daí, partiu para a tradicional venda no varejo, fechando, teoricamente, o que chamaríamos de ciclo.
A grande questão é que não parou por aí. Ela não se fechou em seu casulo e ficou contando dinheiro, mas sim chegou mais perto das pessoas, pois percebeu o movimento de maior participação delas nas empresas, na qualidade dos produtos e exigências dos consumidores, que já não eram os mesmos de décadas atrás. Analisou as informações de forma correta, “leu” seus clientes e fez a previsão mais certeira.
Hoje é uma gigante no mercado, fez aquisições inteligentes e, podem conferir, tem planejamento para 2050! Acha que ela vai descansar e se acomodar no tempo?
Percebe o que é estar um passo à frente? É estar no futuro, é saber observar e tratar as informações. Pensar pra frente não é uma questão de otimismo e o “pra frente” não é só um horizonte de tempo curto. Pense em 10, 20, 30 anos à frente para trabalhar hoje. Não é achismo, é ciência.
Até a próxima!